Além da desigualdade na divisão de tarefas e na remuneração, o ambiente de trabalho ainda pode se tornar um local inseguro
As mulheres se apropriam de apenas 37% da renda gerada no Brasil, apesar de serem responsáveis por 52% das horas trabalhadas, considerando a soma do tempo dedicado a atividades domésticas e ao mercado de trabalho.
Além da desigualdade na divisão de tarefas e na remuneração, o ambiente de trabalho ainda pode se tornar um local inseguro para elas, já que 92% dos brasileiros acham que as profissionais sofrem mais situações de constrangimento e assédio que os homens. Os números são do estudo inédito do W.Lab/ Instituto Locomotiva/ Ideia.
Segundo o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, os números mostram uma contradição representativa das desigualdades de gênero, que se acentuam quando consideramos os recortes de classe.
“Nas classes D e E, por exemplo, 57% dos lares são chefiados por mulheres. Mesmo sendo as responsáveis financeiras da casa, elas seguem acumulando a maior parte do trabalho doméstico.”
Cila Schulman, CEO do Instituto de Pesquisa Ideia, complementa:
“É preciso vencer as desigualdades salariais por gênero e a dupla jornada que castiga só um lado do casal. Importante lembrar também que grande parte delas assume esse papel simplesmente por serem deixadas sozinhas com os filhos, fenômeno mais comum nas classes mais baixas.”