(O Globo) As creches e as pré-escolas brasileiras foram reprovadas. É o que mostra pesquisa da Fundação Carlos Chagas realizada no ano passado em 147 unidades infantis em seis capitais: Rio, Belém, Campo Grande, Florianópolis, Fortaleza e Teresina.
Segundo a pesquisa, coordenada pela especialista Maria Malta Campos, 86,9% das creches e 72,4% das pré-escolas brasileiras receberam menos de 5 pontos em uma escala de avaliação que vai de 1 a 10. Em outras palavras, elas garantem apenas o “básico”, ou nem isso, para atender as crianças.
Além da falta de vagas, o serviço tem deficiências sérias, como falta de material escolar, má qualificação dos professores e o tempo que as crianças ficam ociosas, quando são obrigadas a dormir, ficar deitadas nos bercinhos ou mesmo agrupadas sem privacidade.
“A criança passa longos períodos ociosos, essa é uma questão que merece ser melhorada. Outra questão importante é a formação dos professores: as faculdades estão preparadas para formar professores do ensino fundamental e médio; é preciso ver especialmente a educação infantil, que é diferente”, diz a pesquisadora Maria Malta.
Com notas de 1 a 3, 49,5% das creches foram qualificadas como inadequadas. Com notas entre 3 e 5, 37,4% foram classificadas como básicas, ou seja, unidades que têm somente o mínimo para funcionar. Apenas 12,1% obtiveram notas entre 5 e 7 pontos, sendo consideradas adequadas, enquanto só 1,1% foram consideradas boas, com notas variando entre 7 e 8,5.
Já a situação na pré-escola foi considerada um pouco melhor, com 30,4% das unidades inadequadas, 42% básicas, 23,9% adequadas e 3,6% boas. Nenhuma foi considerada excelente, com nota superior a 8,5 pontos.
“Nos últimos 16 anos, temos visto políticas consistentes de educação no Brasil, mas atingir a meta de pôr todas as crianças na pré-escola até 2016, conforme diz a Constituição, é um desafio tão grande que, se não tiver ação entre União, estados e municípios, será difícil de vencer”, afirmou Marcelo Perez, coordenador de educação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), um dos apoiadores da pesquisa, juntamente com o MEC.
Para os especialistas, os maiores desafios do próximo governo, além de cumprir a meta de oferecer mais vagas, será garantir a qualidade dos serviços e melhorar a formação dos professores.
“É preciso melhorar não só a qualidade da educação infantil, mas a transição da educação infantil para o ensino fundamental, com ênfase nos professores e nos gestores”, defendeu Sonia Kramer, da PUC-Rio, especialista presente na divulgação da pesquisa.
Para Catarina Moro, da Universidade Federal do Paraná, o governo tem que aumentar as vagas sem abrir mão da qualidade do serviço: “Infelizmente, para ampliar o atendimento, houve um custo, que foi a redução do período integral para quatro horas. Isso precisa ser revisto”.
Segundo apurou a reportagem do Globo, a secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar Lacerda Almeida e Silva, declarou que o governo federal planeja construir 1,8 mil escolas de educação infantil ainda em 2010, com investimentos de R$ 1,8 bilhão nos municípios. Segundo ela, há 90 mil unidades atendendo crianças no país, mas um dos principais problemas está na transição das creches que pertenciam às secretarias de Assistência Social e foram repassadas à Educação.
Leia na íntegra: Estudo mostra que só 1% das creches são boas (O Globo – 15/06/2010)
Indicação de fontes:
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