A Organização Internacional do Trabalho (OIT) defende que uma maior presença de mulheres no mercado de trabalho global é capaz de injetar mais de US$ 5 trilhões na economia mundial. De acordo com o relatório “Perspectivas sociais e de emprego no mundo Tendências para mulheres no mercado de trabalho em 2017”, lançado nesta pela OIT, uma redução de até 25% na diferença entre gêneros no mercado de trabalho, com maior presença de mulheres trabalhadoras, tem o potencial de proporcionar um crescimento do Produto Interno Bruto global medido pela paridade de poder de compra (PPP, na sigla em inglês) de US$ 5,76 trilhões até 2025.
(Valor Econômico, 14/06/2017 – acesse no site de origem)
Para chegar a esse valor o mundo precisaria aumentar em 3,9% a mão de obra feminina — acrescentar ao mercado de trabalho global 203,9 milhões de trabalhadoras.
No caso da economia brasileira, cujo mercado de trabalho tem participação masculina de 78,2% e feminina de apenas 56%, o acréscimo de 3,3% de mulheres (ou 5,1 milhões delas) à força de trabalho até 2025 renderia ao PIB brasileiro US$ 116,7 bilhões, levando em conta a paridade de poder de compra.
Além disso, a redução das diferenças de gênero no mercado de trabalho do país tem um potencial de elevar em R$ 131 bilhões as receitas tributárias, conforme estatísticas apresentadas hoje pela OIT.
Um dos caminhos para alcançar esse objetivo no Brasil, conforme estabelecido por líderes do G20 em 2014, é investir em uma abordagem multidimensional, recomenda a OIT. “Isso inclui políticas focadas no equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho e na eliminação da discriminação de gênero, além de criação e proteção de empregos de qualidade no setor da saúde.”
Segundo o relatório, a taxa de participação da força de trabalho global das mulheres será de 49% neste ano, 27,1 pontos percentuais menor do que a mesma referência masculina (76,1%).
Em países desenvolvidos, a lacuna entre homem e mulher no mercado de trabalho é de 16,1 pontos percentuais. Nos emergentes, de 30,6 pontos e nas nações em desenvolvimento, de 12,3 pontos. No caso brasileiro, 78,2% da população masculina trabalha contra 56% das mulheres, um gap de 22,1 pontos percentuais.
Em 2014, os líderes do G20 se comprometeram a reduzir a diferença nas taxas de participação no trabalho entre homens e mulheres em 25% até 2025. “Esses gaps de gênero são um dos desafios mais urgentes do mercado de trabalho que a comunidade mundial enfrenta. As mulheres são substancialmente menos propensas do que os homens a participar do mercado de trabalho, seja trabalhando ou buscando emprego. Fechar essas lacunas de gênero exigirá esforços orquestrados em várias áreas por parte dos líderes políticos e empresariais”, destaca o relatório.
Luciano Máximo