06/05/2010 – Por que mulher não vota em mulher, por Céli Pinto

07 de maio, 2010

(Zero Hora) “Nunca se falou tanto na importância do voto da mulher como agora. De um momento para o outro, a mídia e os institutos de pesquisa acordaram para o fato de que mais da metade do eleitorado brasileiro é composto por mulheres, daí que o voto da mulher importa, ” escreve a cientista política Céli Regina Jardim Pinto, em artigo publicado no jornal Zero Hora.

Trata-se de uma “novidade”, como diz Céli Pinto, “pois até agora o voto da mulher não era levado em consideração pelos candidatos como uma variável fundamental. Também a própria ausência da mulher na vida política parlamentar não preocupava os formadores de opinião e principalmente os partidos políticos”. A pesquisadora e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul lembra que o Brasil é um dos países de menor presença de mulheres na Política: o país ocupa o 148º no ranking que mede a participação das mulheres no parlamento em 180 países. Aqui as mulheres representam 9% dos parlamentares; na Argentina, são 40%.

A cientista política aborda em seu artigo o fato que vem sendo demonstrado pelas pesquisas de opinião de que as mulheres votam menos em mulher do que os homens. A seguir, alguns trechos do artigo de Céli Pinto:

“São muitas as possibilidades de respostas, que transitam do preconceito das mulheres em relação às próprias mulheres na política até a ideia de um voto mais consciente e estudado e não definido muitos meses antes da eleição. Há inclusive estudiosos que apontam a íntima relação da mulher com a TV para afirmar que as eleitoras só definem o voto depois da propaganda eleitoral gratuita.”

Sobre isso, Céli Pinto declara: “penso que uma das mais fortes razões para as mulheres não votarem em mulheres é o fato de que as candidatas mulheres não se apresentam como tal. Daí não haver razão para que as mulheres considerem na sua decisão de voto o fato de que um candidato seja mulher”.

“Após 30 anos de feminismo e de importantes vitórias das mulheres, feministas ou não, tanto no campo dos direitos quanto no campo de comportamento, chega às raias do incompreensível o fato de as mulheres que se propõem a prefeitas, governadoras e presidente não falarem para as mulheres e para os homens como mulheres. Quando as candidatas tiverem consciência de que chegaram até onde chegaram não só pelos méritos individuais, que todas, evidentemente, têm, mas como resultado de uma luta de mais de 30 anos do movimento das mulheres pelo direito de existir plenamente como cidadã, certamente se apresentarão como candidatas mulheres. Neste momento, as mulheres começarão a votar nas mulheres.”

Leia o artigo em pdf: Por que mulher não vota em mulher, por Céli Regina Jardim Pinto (Zero Hora – 06/05/2010)

Contato com a autora:

Céli Pinto – cientista política e pesquisadora
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da
UFRGS
http://www6.ufrgs.br/ifch/
51 3308-6640 / 3383-1412 –
[email protected]
Fala sobre: política; participação das mulheres na política

Saiba mais:
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