Dezenas de países pedem que ONU escolha mulher para secretária-geral

12 de abril, 2016

(O Globo, 12/04/2016) Luta por igualdade entre gêneros marca escolha de substituto para Ban Ki-moon

A entrada da sede das Nações Unidas em Nova York exibe imagens dos secretários-gerais que a organização teve em seus 70 anos de história — e cultivam um denominador comum: todos são homens. Mas um total de 56 países se uniram em uma iniciativa promovida pela Colômbia para que o próximo retrato leve o rosto de uma mulher. O processo para suceder Ban Ki-moon, que completa seu segundo mandato de cinco anos no fim de 2016, começa muito marcado pela questão de gênero na ONU nesta terça-feira.

Leia mais: Candidatos a secretário-geral da ONU apresentam propostas (Rádio ONU, 12/04/2016)

O processo também tem uma vocação de transparência sem precedentes na história da instituição, cujos secretários-gerais não são escolhidos em debates públicos demais. Agora, pela primeira vez, a lista de candidatos já oficiais foi divulgada na internet, junto com seus currículos e cartas de recomendação. Novos candidatos ainda podem se apresentar até junho.

Os oito candidatos até agora, quatro homens e quatro mulheres, começam uma ronda de audiências na Assembleia Geral a partir desta terça-feira. Eles deverão defender seu perfil e responder perguntas de assistentes durante duas horas. Os primeiros a falar foram o ministro de Relações Exteriores de Montenegro, Igor Luksic, a diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, e o ex-premier português António Guterres.

Outras mulheres candidatas ao cargo são as ex-ministras de Relações Exteriores da Croácia, Vesna Pusic, e da Moldávia, Natalia Gherman. A administradora do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD) também está na disputa.

Além destes candidatos, os nomes de algumas mulheres latino-americanos já surgem para a disputa: a secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena, a ministra das Relações Exteriores da Argentina, Susana Malcorra, e a diplomata costa-riquenha Christiana Figueres. A designação de uma mulher para o cargo seria um gesto de grande simbolismo enquanto a luta pela igualdade de gênero avança em escala internacional — e compõe um dos objetivos de desenvolvimento das Nações Unidas para 2030.

No entanto, as audiências não incluem votações e, por isso, o seu resultado não é essencial para definir quem será o eleito. Na hora da verdade, o poder segue em mãos de cinco potências: Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido. É o Conselho de Segurança da ONU, formado por cinco membros permanentes com direito de veto e uma dezena de países rotatórios, o organismo que deverá propor o candidato que será, então, votado pelos 193 membros da Assembleia Geral.

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O futuro secretário-geral (ou secretária) deverá enfrentar grandes desafios no que diz respeito às tensões internacionais. Isso inclui a guerra civil na Síria, que gera uma crise de refugiados sem precedentes na Europa, e as missões de paz acusadas por diversos episódios de violência sexual, sobretudo, na República Centro-Africana.

Acesse o PDF: Dezenas de países pedem que ONU escolha mulher para secretária-geral (O Globo, 12/04/2016)

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