(SEBRAE, 06/04/2015) Em um prazo de dez anos, o número de afrodescendentes à frente de uma empresa cresceu 27%
Os negros já são a maioria entre os empreendedores brasileiros. Entre os anos de 2002 e 2012, o número de pessoas negras a frente de empresas no Brasil cresceu 27%. Nesse mesmo período, o número de pessoas brancas que possuem uma empresa teve uma redução de 2%. De acordo com levantamento feito pelo Sebrae, com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), 50% dos donos de negócio são afrodescendentes, 49% são brancos e 1% pertencem a outros grupos populacionais.
Para o presidente do Sebrae, Luiz Barretto, o crescimento da população negra no Brasil e a ampliação do mercado de consumo interno têm sido fatores decisivos para o aumento do empreendedorismo nesse grupo. “Mais pessoas negras estão ascendendo à classe média e assumindo posições importantes no mercado de trabalho e no universo do consumo e do empreendedorismo”, ressalta Barretto. Para o presidente do Sebrae, o avanço da participação de pessoas negras à frente de empresas indica também que as políticas sociais voltadas para essa parcela da população e a criação da figura jurídica do Microempreendedor Individual (MEI) estão contribuindo para a melhoria dos indicadores desse grupo que representa hoje mais da metade da população brasileira, de acordo com o Censo do IBGE.
De acordo com o estudo do Sebrae, além de elevar sua participação entre os proprietários de negócios, os negros também tiveram um aumento em seu rendimento médio mensal e no nível de escolaridade superior ao dos brancos. Entre 2002 e 2012, o tempo médio de estudo entre as pessoas negras cresceu 38%, passando de 4,7 para 6,5 anos. Já entre os brancos, esse crescimento foi de 21%, passando de 7,3 para 8,8 anos de estudo. “Quando analisamos o incremento da remuneração no mesmo período, notamos que o rendimento médio real cresceu 45% entre os empreendedores negros, passando de R$ 786 para R$ 1.138 mensais, enquanto entre os brancos a expansão foi de 33%, variando de R$ 1.843 para R$ 2.460 por mês”, diz o presidente. Nesse aspectos, segundo Luiz Barretto, as expectativas são promissoras, na medida em que o nível de escolaridade do brasileiro tende a continuar crescendo e impulsionando a melhoria de renda.
Comércio e Serviços são os setores da economia que mais atraem tanto os empreendedores brancos quanto negros. Entre os afrodescendentes, 46% atuam nesses dois setores, e entre os brancos 50%. No grupo dos negros, há uma proporção elevada de indivíduos envolvidos em atividades mais simples, como a pesca, ambulantes e cabeleireiros. Entre os brancos, verifica-se uma maior proporção de indivíduos que empreendem em atividades mais especializadas como advogados, médicos e engenheiros. “A diferença de escolaridade interfere também nas áreas do empreendedorismo. Quanto maior o nível de instrução, mais complexa tende a ser a atividade exercida”, afirma o presidente do Sebrae.
Do total de afrodescendentes empreendedores, 41% estão no Nordeste e 31% no Sudeste. Já entre os brancos, 46% estão no Sudeste e 26% na região Sul. A maior concentração de empreendedores negros no Nordeste pode ser explicada pela forte migração de afrodescendentes para esta região e pela taxa de natalidade ali ser maior que a média nacional.
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