(Géssica Brandino/ Agência Patrícia Galvão, 28/07/2015) Nesta quinta-feira (30/07), às 14 horas, no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo, o ator Alexandre Frota prestará esclarecimentos ao Ministério Público sobre o teor da entrevista concedida a um programa da TV aberta em que revela, em tom de deboche e escárnio, que teria praticado sexo com uma mãe de santo contra a vontade dela, e que a vítima teria desmaiado durante o crime.
A entrevista foi veiculada originalmente no dia 22 de maio de 2014, no programa Agora É Tarde, apresentado por Rafinha Bastos na Band, e reprisada no dia 25 de fevereiro, em uma coletânea ‘dos melhores momentos’ da atração.
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Diante do ocorrido, foi instaurado um procedimento investigativo no âmbito da Promotoria Criminal e Frota foi intimado para uma oitiva. “Este é o primeiro passo da investigação, além da degravação do vídeo – que é transcrever todas as falas do vídeo e fazer a gravação das imagens em uma mídia, que passa a integrar o processo”, explica a promotora responsável pelo caso, Silvia Chakian, coordenadora do GEVID – Grupo de Enfrentamento à Violência Doméstica do Ministério Público de São Paulo.
A promotora lembra que a narrativa que Frota fez do caso evidencia a intolerância religiosa e o preconceito, além de incitar o estupro, uma vez que a fala foi feita diante de uma plateia, em um programa com grande audiência. Após a repercussão negativa do caso nas mídias sociais e na imprensa, o ator teria dito que o caso narrado não teria acontecido, o que segundo Chakian, não minimiza a responsabilidade por incitação à cultura de violência e uso da força contra a mulher.
“Argumentos de que os fatos não ocorreram, que o episódio é fictício e que faz parte de uma stand-up comedy ou de uma piada não convencem ou minimizam a responsabilidade criminal nesse caso, que será apurado pelo Ministério Público”, reforça Chakian.
A promotora também lembra que é importante que a sociedade esteja atenta aos desdobramentos do caso. “A sociedade tem um papel importantíssimo, assim como as mídias sociais, porque fazer pressão e acompanhar são também formas de garantir a aplicação da lei penal e de fazer com que o sistema de justiça atue de forma exemplar em um caso como esse.”