Falta de acesso a aborto é associada a piora de indicadores de saúde materna, como mortalidade entre gestantes
Mulheres negras e indígenas podem ser mais afetadas pelas leis que proíbem ou restringem o aborto nos Estados Unidos, de acordo com um estudo realizado por pesquisadores das Universidades de Boston e Wisconsin-Madison.
Há dois anos, a Suprema Corte americana reverteu o direito ao procedimento em âmbito federal, o que deu mais liberdade para estados restringirem ou banirem a prática. Desde então, segundo os autores do levantamento, a proporção de mulheres negras, indígenas e brancas vivendo em estados onde o aborto é banido é maior do que onde o procedimento é liberado ou restrito.
No caso das mulheres negras, essa proporção é 59% maior, ou seja, a cada cem mulheres afro-americanas em estados considerados mais permissivos em relação ao aborto, há outras 159 em estados mais restritivos. Para mulheres indígenas, a proporção é 17% maior; entre as brancas, 2%.
Outro estudo realizado pelo pesquisador em 2022 indicou que mulheres negras e indígenas são as que mais morrem durante a maternidade —tanto em estados onde o aborto é restrito quanto em estados onde ele é acessível.
A cada 100 mil nascimentos entre 2018 e 2020, 49,2 mães negras e 46,4 mães indígenas morreram nos estados onde o aborto foi restrito nos EUA em 2022. Onde o procedimento era acessível, 39,3 mães negras e 43,2 mães indígenas morreram no mesmo período.
“Quando tentamos determinar o impacto das leis antiaborto na saúde das mulheres, precisamos desemaranhar os dados para determinar o quão ruim era antes”, explicou Declercq. “Os estados com leis antiaborto têm índices piores, mas isso não se deve apenas às restrições, é por causa de um problema geral no sistema de saúde das mulheres.”