Maioria dos relatos recebidos pelo Disque 100 cita discriminação e violação psicológica; gays e transexuais são mais atingidos, e agressões acontecem principalmente nas ruas
(O Globo, 27/06/2019 – acesse no site de origem)
O Brasil registrou no ano passado 1.685 denúncias de violência contra a população LGBTI. Os dados foram registrados pelo serviço Disque 100, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MDH), e divulgados nesta quinta-feira.
O número foi 2,03% menor do que o registrado em 2017, quando houve 1.720 casos. A quantidade de denúncias vem caindo ano após ano desde 2015. A queda, no entanto, não significa redução nos índices de violência , segundo o próprio ministério.
Os dados mostram que 70,56% das denúncias foram por discriminação. Em segundo lugar, ficaram os relatos de violência psicológica, como injúria e humilhação, alcançando 47,95% dos casos. Em seguida, aparece a violência física, que corresponde a 27,48% das violações e, por último, a violência institucional, com 11,51%.
— O Disque 100 é apenas um dos canais para trazer esses dados, ele não necessariamente reflete a realidade, porque muitas vezes as pessoas não denunciam. O decréscimo pode ser justamente por isso, porque as pessoas não denunciam por pensar que não serão respeitadas. Mas essas informações vão nos ajudar a pensar uma política pública — afirmou Marina Reidel, diretora de Promoção dos Direitos LGBT do órgão, em entrevista ao GLOBO.
O ministério também fez um balanço do perfil das vítimas que denunciaram agressões. Segundo a pasta, a maioria dos atingidos (32%) era gays . Outros 31% eram transexuais. Cerca de 9,7% das vítimas eram lésbicas e 2,5%, bissexuais . A faixa etária mais atingida pelo preconceito é a de 18 a 30 anos.
Outro dado relevante presente no balanço do MDH é o local onde a violência costuma ocorrer.
Segundo o estudo, a rua é o local onde mais acontecem violações (32,32%). A casa da vítima aparece com um alto índice (20,03%). De acordo com interpretação do ministério, o dado indica que grande parte das violações acontecem entre familiares.
A grande maioria dos agressores são heterossexuais (76%). Há violências cometidas também por gays (8,7%) e bissexuais (3%).
Paula Ferreira