(Portal Fiocruz| 22/02/2022 | Por revista Ciência & Saúde Coletiva)
Estudos sobre desrespeitos e abusos/maus tratos/violência obstétrica durante gestação, parto e puerpério têm aumentado nas últimas décadas. Um desses estudos foi publicado em artigo, com participação da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz). Desenvolvido com o objetivo de discutir e refletir sobre como questões relacionadas à definição e terminologia, mensuração e políticas públicas no Brasil têm dificultado a pesquisa da temática, assim como a mitigação desses atos. “A falta de estudos impacta a tomada de decisão em saúde, prejudicando a elaboração de políticas públicas adequadas”, apontam os autores. O primeiro problema abordado foi a falta de consenso em relação à terminologia e definição desse construto. “Essa condição provoca um efeito em cascata, com a utilização de instrumentos de aferição não validados que implicam falta de precisão e comparabilidade entre os estudos. Outra questão mencionada é a ausência de estudos explorando as consequências desses atos na saúde da mulher e do recém-nascido, configurando uma das principais lacunas sobre o tema atualmente”, segundo a pesquisa.
O estudo, de autoria de Tatiana Henriques Leite, Emanuele Souza Marques, Ana Paula Esteves-Pereira, Marina Fisher Nucci, Yammê Portella, e Maria do Carmo Leal, considera que há muito o que se avançar com relação a pesquisas científicas envolvendo a temática de desrespeito, abusos, maus tratos e violência contra a mulher perpetrados pelos profissionais de saúde no ciclo gravídico puerperal. “A falta de consenso quanto à terminologia e à definição desse construto provoca um efeito em cascata, causando falta de precisão na estimação da magnitude desses atos, dificuldade de comparabilidade entre diferentes estudos e países (distintas definições e, consequentemente, distintas formas de mensuração) e escassez de estudos analíticos enfocando possíveis desfechos negativos desse problema para a saúde e o bem-estar da mulher e do recém-nascido.”