Levantamento feito pelo ISP e obtido com exclusividade pela GloboNews mostra que 350 mulheres foram assassinadas no estado ao longo de 2018; destes homicídios, 71 foram registrados com a qualificadora de que a vítima foi morta apenas pelo fato de ser mulher
(G1, 29/04/2019 – acesse no site de origem)
A cada cinco dias, uma mulher é assassinada, pelo simples fato de ser mulher, no estado do Rio de Janeiro. É o que aponta o Dossiê Mulher, um estudo feito todos os anos pelo Instituto de Segurança Pública (ISP).
Obtido com exclusividade pela GloboNews, o Dossiê Mulher é divulgado anualmente. De acordo com o documento, em 2018, 71 mulheres foram vítimas do feminicídio no estado. Mais de 62% dessas mortes ocorreram dentro da residência das vítimas e mais de 56% dos crimes foram cometidos pelos companheiros e ex-companheiros das vítimas.
O feminicídio evidencia a predominância das relações de gênero hierárquicas e desiguais, afirmam especialistas. Ele é a representação da última etapa da violência contra uma mulher: a morte. Antes, percorre um caminho passa pela posse, xingamentos, agressões psicológicas, verbais e físicas.
O relatório enfatiza que 71 é o número de homicídios contra mulheres cometidos no ano passado que foram formalmente qualificados como feminicídio. Chegou ao total de 350 o número de mulheres assassinadas no estado ao longo de 2018. Dessas, 12,3% foram cometidos por companheiros ou ex-companheiros.
Os números revelam que a cada três dias uma mulher foi vítima de homicídio doloso dentro de sua própria casa no estado do Rio de Janeiro. Das 350 mulheres assassinadas, 120 foram mortas dentro de suas casas, onde deveriam estar mais protegidas.
Muitas mulheres sobrevivem à morte e sofrem outros tipos de abusos, e, assim, tornam-se dependentes de políticas públicas de proteção e, por isso a necessidade de que a política, a Justiça e polícia atuem de forma coordenada e célere para evitar ainda mais mortes.
Em 2018, 275 mulheres foram sofreram tentativa de feminicídio. Deste total, 63,5% dos autores eram companheiros ou ex-companheiros das vítimas e 52% do total ocorreu dentro de casa.
O Dossiê Mulher traz ainda um dado não menos assustador: 70% das vítimas de estupro são menores, ou seja, 3.165 crianças e adolescentes foram abusadas em 2018. Destes abusos, 62% foram cometidos por pais, padrastos ou conhecido das vítimas, sendo 52,8% praticados dentro da própria casa das menores.
Ao todo, durante o ano passado, segundo o Dossiê, 24.882 mulheres foram agredidas fisicamente no estado. Mais de 60% dos casos também dentro de casa.
Principais dados do Dossiê Mulher
Feminicídio
- a cada 5 dias, uma mulher é vítima de feminicídio no estado do rio de janeiro (71 vítimas)
- 56,4% das mortes foram cometidas por companheiros ou ex-companheiros (40 vítimas)
- 62% das mortes ocorreram dentro de residência (44 mortes)
Homicídio doloso: 350 vítimas
- 12,3% dos homicídios dolosos contra mulheres foram cometidos por companheiros ou ex-companheiros (43 vítimas)
- a cada 3 dias uma mulher foi vítima de homicídio doloso em uma residência (120 vítimas)
Estupro
- 17,2% dos autores eram pais ou padrastos das vítimas (779 vítimas)
- 44,8% dos autores eram conhecidos das vítimas (2.035)
- 70% das vítimas tinha até 17 anos (3.165 vítimas)
Aplicação da Lei Maria da Penha nos crimes
- 15,1% dos homicídios dolosos cometidos em 2018 foram registrados com a qualificadora da lei maria da penha
- 39% das tentativas de homicídio cometidas em 2018 foram registradas com a qualificadora da lei maria da penha
- 38,7% dos estupros cometidos em 2018 foram registrados com a qualificadora da lei maria da penha
- 64,5% das lesões corporais dolosas cometidas em 2018 foram registradas com a qualificadora da lei maria da penha
- 61,2% das ameaças cometidas em 2018 foram registradas com a qualificadora da lei maria da penha
Tentativa de feminicídio:
- 63,5% dos autores eram companheiros e ex-companheiros das vítimas (183 vítimas)
- 52,8% ocorreram em residência (152 casos)
Lesão corporal dolosa
- 41.344 casos
- 60,2% das agressões aconteceram dentro de casa (24.882 casos).
Júlia Arraes