Produtores de conteúdos misóginos ganham dinheiro monetizados pelo YouTube, com anúncios e programa de assinaturas, além de venderem cursos e e-books
O avanço de grupos extremistas misóginos, como o “red pill”, do qual faz parte o coach Thiago Schutz, acusado de ameaçar de morte a atriz e humorista Livia La Gatto, chama a atenção no Brasil. Seus integrantes praticam o ódio às mulheres e se baseiam na ideia de um suposto resgate da masculinidade, sendo vistos por especialistas como uma reação, ainda esparsa e sem coordenação, à maior participação das mulheres em espaços de poder.
Um dos movimentos que compõem a chamada “machosfera”, o “red pill” é uma forma machista de pensar e ver o mundo, que deturpa o conceito do filme “Matrix” para subestimar os direitos das mulheres. Para eles, pessoas do sexo masculino devem saber dominar as mulheres e não permitir que elas sejam “aproveitadoras”. Os extremistas se organizam especialmente em redes como Instagram, Facebook, Tik Tok e YouTube. Muitos são pagos pelas plataformas por terem engajamento em vídeos, artigos e até livros que ensinam como “desarticular” as “trapaças amorosas” das mulheres. Nos materiais, elas são descritas como seres de “potencial demoníaco” regidos “pelo egoísmo sentimental”.
— O masculinismo defende o resgate de uma certa virilidade masculina que se sente em baixa perante a ascensão da agenda feminista. Está muito atrelado ao ressentimento do homem pelo tanto que as mulheres conseguiram conquistar em direitos e espaços — afirma a socióloga Camila Galetti, especialista em política institucional, feminismo e neoliberalismo, e doutoranda da UnB.