Com muita luta, mulheres conquistaram vários direitos e passaram a gerar riqueza. Mas quando o assunto é gestão do próprio dinheiro, ainda não somos protagonistas
O mês da mulher. Em março, elas são a pauta. São milhares de homenagens, reflexões e um importante lembrete sobre a luta pelos direitos das mulheres. Tudo muito importante, mas vejo que esse mês é pouco usado para chamar a atenção das mulheres, e é isso que eu me proponho a fazer hoje. Mulheres, quando o assunto é o nosso dinheiro, precisamos acordar.
Onde está o seu dinheiro? Você tem uma conta bancária própria? Sabe quais bens tem no seu nome? Se tem dinheiro investido, sabe em quais investimentos está? Tem algum investimento no seu nome ou todos estão no nome do seu parceiro? Quem é responsável por gerir o dinheiro na sua casa?
Estas perguntas servem como um alerta. A função do cuidado foi historicamente colocada sob a responsabilidade da mulher, que passou muitos séculos desempenhando “apenas” o papel de esposa. Ao mesmo tempo, o acesso ao dinheiro nos foi negado até pouco tempo atrás, e só em 1962 nos foi permitido ter CPF próprio e conta em banco sem a permissão do pai ou do marido.
Com o tempo e muita luta, vários direitos foram conquistados e passamos a trabalhar e gerar riqueza. Mas quando falamos de gestão sobre o próprio dinheiro, ainda não somos as protagonistas. A falta de domínio sobre os recursos financeiros acontece muitas vezes porque esse direito é arrancado de nós, muitas vezes porque – dado o histórico de falta de acesso ao dinheiro – passamos a acreditar que não somos capazes e não sabemos cuidar dele.
É muito comum a crença entre mulheres de que cuidar do patrimônio e da riqueza da família é função do homem (independentemente da classe social e da condição financeira).
Não é raro eu ouvir de amigas cujos maridos trabalham no mercado financeiro, que preferem deixar que eles cuidem do dinheiro; primeiro por ser uma função chata, segundo por acharem que eles farão isso melhor do que elas. Ou seja, muitas mulheres ainda delegam a gestão do próprio dinheiro aos parceiros, o que as deixa vulneráveis à violência patrimonial.