Levantamento com as congressistas eleitas expõe os obstáculos à representatividade, mesmo após lei que criou crime eleitoral de gênero
A campanha eleitoral mal tinha começado quando a deputada federal eleita Duda Salabert (PDT-MG) recebeu uma ameaça de morte em seu gabinete, na Câmara Municipal de Belo Horizonte. A carta, com referências ao nazismo e ofensas transfóbicas, dizia que a parlamentar deveria ser “isolado” o quanto antes, “de preferência em um campo de concentração”.
A intimidação deu o tom do que seria a disputa eleitoral para Duda, que fez história ao lado de Erika Hilton (PSOL-SP) ao se eleger para a Câmara dos Deputados, até hoje sem mulheres trans. Ela conta que recebeu pelo menos oito ameaças de morte, o que a levou a fazer campanha com escolta policial e colete à prova de balas.
— Enviaram uma carta com símbolos nazistas e fizeram um site descrevendo as formas como iriam me matar e “estourar” minha filha — conta a futura parlamentar, que denunciou os casos à Polícia Civil.
A violência política de gênero nas eleições foi realidade para Duda e mais da metade das mulheres eleitas este ano para o Congresso ou que estão em meio de mandato. Levantamento feito pelo GLOBO mostra que 55% das deputadas e senadoras que exercerão mandatos nos próximos quatro anos declararam ter sido atacadas nas eleições de 2022.