(Folha de S. Paulo | 19/10/2021 / Por Bruna Brelaz, Isa Penna, Simone Tebet e Tabata Amaral)
Quando o hoje presidente da República disse publicamente a uma deputada federal que só “não a estupraria porque ela não merecia”, a violência atingia em cheio a todas as mulheres, de diferentes partidos e ideologias, que constroem a luta política neste país machista e dominado por homens nos diferentes espaços de poder. A frase, ainda repetida com orgulho anos depois a um jornal do Rio Grande do Sul, mostra que Jair Bolsonaro construiu a sua ascensão desde cedo buscando atacar as vozes femininas que o denunciavam e que já sabiam, desde então, o que ele representava.
Hoje, entre as tragédias desse governo, em meio às 600 mil mortes de Covid-19 e à brutal crise social, percebe-se que as investidas contra os direitos das mulheres continuam fortes. Nos últimos dias, o covarde veto presidencial à distribuição de absorventes a mulheres brasileiras em situação de vulnerabilidade, no projeto de lei 4.698/19, por exemplo. Enquanto a situação desumana da pobreza menstrual segue a envergonhar o Brasil, seguimos com um governo conhecido pela sua ofensiva contra nossos direitos.