Na média, pesquisadores apontam que fatores sócioeconômicos podem aumentar índice em 38%
Novo estudo mostra que morar nos bairros mais periféricos da cidade São Paulo está intimamente associado a um risco maior de morte por doenças crônicas como diabetes, AVC (acidente vascular cerebral) e infarto. No caso de mulheres com diabetes, a mortalidade pode chegar a 20 vezes quando se compara o bairro com pior resultado ao de melhor resultado.
O trabalho, comandado pelo Insper e pela Umane, utilizou a dimensão e a estruturação dos dados públicos da capital paulista, incluindo dados cartográficas, populacionais, epidemiológicos, socioeconômicos e de recursos de saúde, referentes ao período de 2010 a 2019.
Para fazer a análise, foi adotada uma escala de mortalidade padronizada (dada pela razão entre óbitos observados e óbitos estatisticamente esperados), na qual o distrito administrativo que está na média fica com valor 1.
Em Moema, bairro nobre da zona sul e com o melhor índice, a cifra entre mulheres é de 0,11, ou seja, abaixo da média. Por outro lado, no Jardim Helena, na zona leste e com a pior taxa, a cifra é de 2,32 —cerca de 21 vezes o valor de Moema e mais que o dobro da média.
Assim, pesquisadores correlacionaram a variação da mortalidade das mulheres (38%) em relação às condições socioeconômicas. Para os homens esse efeito é menos pronunciado (25%), com os extremos nos bairros Alto de Pinheiros (0,25) e Jardim Helena (1,84).
“São Paulo é um laboratório natural de saúde urbana, porque permite que se estude a desigualdade do acesso social”, afirma o patologista Paulo Saldiva, coordenador do estudo e do Observatório de Saúde Urbana do Insper e professor da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).