Mais de 40 mulheres da Capital e do Interior participarão de formação inédita oferecida pela Themis
As recentes inundações causadas pela emergência climática no Rio Grande do Sul demandam ações inovadoras para enfrentar os efeitos de desastres climáticos no Estado. De acordo com o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, as mulheres correspondem a 72% das pessoas que vivem em condições de extrema pobreza em todo o mundo. Por isso, estão mais expostas aos eventos da emergência climática.
A Themis – Gênero, Justiça e Direitos Humanos desenvolve, a partir da próxima sexta-feira (30), uma iniciativa que coloca as mulheres moradoras de periferia como protagonistas da construção de um futuro mais justo e sustentável. O Curso para Promotoras Legais Populares: Atuação em Emergências Climáticas capacitará mais de 40 mulheres, entre líderes comunitárias, Promotoras Legais Populares (PLPs) e Jovens Multiplicadoras de Cidadania (JMCs), para atuação comunitária em contextos de crise climática.
Essas mulheres, alunas do curso, desempenharam um papel fundamental em seus territórios durante a enchente. Num momento em que os serviços de atenção às mulheres não tinham como funcionar, foi a determinação dessas lideranças que conseguiu atender centenas de mulheres.
O curso é uma resposta direta da Themis à devastadora emergência climática que atingiu o Rio Grande do Sul. Ao longo de 13 encontros, elas percorrerão um caminho prático para a justiça climática e construirão um protocolo de ação adaptado à realidade e às vivências das participantes, com foco na promoção da justiça climática e cuidados com mulheres e demais grupos minoritários.
A aula inaugural, nesta sexta-feira (30/08), contextualizará o histórico de como se chegou ao desastre climático em maio de 2024 no Rio Grande do Sul. Os encontros seguintes abordarão conceitos e perspectivas de justiça climática, violência de gênero e racismo ambiental, os desastres climáticos pelo mundo e a experiência de atuação no Rio Grande do Sul, além dos regulamentos internacionais sobre o tema. A formatura ocorrerá em 14 de dezembro.
Mulheres e emergência climática – De acordo com ONU Mulheres, embora as mulheres e meninas representem cerca de 80% das pessoas deslocadas pela mudança climática e por desastres naturais, o tema é debatido majoritariamente por homens. Em 2020, apenas 15 dos 133 líderes mundiais que participaram da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP) 28 eram mulheres.
“No mundo todo, essas prioridades não são levadas em conta com a urgência e a prioridade que as mulheres precisam nesses contextos. Isso não foi diferente no Rio Grande do Sul. Os comitês de crise são formados essencialmente por homens, e são eles quem definem as prioridades. É preciso dar protagonismo às mulheres para priorizar e construir com a sociedade civil e demais movimentos as estratégias necessárias para mitigar os problemas que a população vem enfrentando no Rio Grande do Sul”, afirma a diretora-executiva da Themis, Márcia Soares.
De acordo com ela, o protocolo que será criado pelas mulheres durante o curso é um instrumento efetivo para colocá-las no centro do diálogo sobre o enfrentamento dos efeitos da emergência climática. “O protocolo deve fortalecer a autonomia e a resiliência destas mulheres, promovendo ações preventivas, de resposta e de reconstrução que as protejam em situações de vulnerabilidade climática, ampliando suas vozes e lideranças nas decisões que impactam suas vidas e comunidades”, explica a diretora-executiva da Themis.
A iniciativa é realizada pela Themis, com apoio do Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Sul, Care, Igual Valor, Iguais Direitos, Womanity, Instituto Ibirapitanga, Cummins, Global Fund for Women, Fundação Ford, UniRitter e Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul.
Saiba mais aqui.