Estudo analisa diversidade racial e de gênero em escritórios de advocacia do país

21 de novembro, 2024 Veja Por Leticia Yamakami

Segundo levantamento da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial, representatividade de gênero é positiva, enquanto racial ainda exige atenção

Neste mês de novembro, um estudo sobre a diversidade racial, étnica e de gênero em escritórios de advocacia foi realizado e divulgado pela Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial, em parceria com a Go Associados.

Os objetivos do levantamento, compartilhado com exclusividade com VEJA, incluem um diagnóstico completo de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) dos departamentos jurídicos das empresas signatárias das iniciativas de inclusão de raça, de gênero e de pessoas LGBT+, com deficiência (PCD) e de diferentes faixas etárias. A partir disso, procuram-se oportunidades de melhorias em relação à temática da diversidade na força de trabalho desse setor.

No total, 170 escritórios de todas as cinco regiões do Brasil responderam a parte da pesquisa sobre a área responsável por pessoas (RH). Segundo os dados coletados, nenhuma empresa do ramo jurídico da região Norte possui área de DEI, enquanto nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Sul, aproximadamente 40% delas é adepta ao segmento de diversidade. O Sudeste lidera ligeiramente com pouco mais de 47% dos escritórios que possuem setor de DEI. Cento e vinte oito empresas tratam da DEI em sua missão, código de conduta, valores e compromissos e 133 afirmam valorizar a diversidade e os princípios de equidade de oportunidade na contratação. Por outro lado, mais de 80% delas ainda não possui censo populacional — nesse caso, de traçamento de características dos colaboradores. Das que possuem, 21% não o fazem de forma regular.

Em relação às percepções de pessoas em posições de liderança, 137 escritórios responderam. Os números são positivos no que tange à representatividade de gênero. Com exceção do cargo de sócio(a), as mulheres são a maioria em todos os outros níveis hierárquicos, o que inclui advogadas seniores (55%), cargos Administrativos, Gerenciais e Técnicos (63%), Trainees/Estagiárias (63%), advogadas plenas (66%) e advogadas juniores (69%). A maioria das lideranças entende como adequada a proporção de mulheres nas equipes. Mesmo assim, quase 17% acredita que essa taxa está acima do que deveria.

Ainda assim, as pessoas brancas ainda são predominantes em todos os níveis hierárquicos dos escritórios, com parcela sempre superior a 66% e atingindo seu auge com 84% na posição de advogados seniores. Por todos os seis cargos, a taxa de trabalhadores pardos varia de 10,4% e 22%, enquanto a de trabalhadores pretos vai de 3% a 10%. Os funcionários amarelos e indígenas são ainda menos representados: sua presença não passa de 2%. A maioria dos colaboradores dessas companhias aponta que a proporção de homens e mulheres negras está abaixo do que deveria, sendo que mais de um terço (35,6%) atribui isso à falta de política específica e de interesse por parte do escritório. Todavia, a maior parte das lideranças entendem a proporção como adequada.

A Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial conclui seu relatório analisando que a formalização de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) como princípio é um consenso no universo empresarial, mas o desafio para sua concretização está na adoção de práticas internas concretas. A diversidade de gênero é um ponto positivo na contemporaneidade, mas a racial ainda exige atenção. De modo geral, as lideranças percebem os gargalos, mas, de acordo com a iniciativa, é importante continuar elevando o engajamento e a relevância acerca da pauta.

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