(EFE.com) Um relatório da ONU publicado nesta quinta-feira sobre água e saneamento afirma que 52% dos brasileiros não tem acesso à coleta de esgoto.
Em uma entrevista coletiva realizada hoje em Brasília, a responsável pelo relatório, Catarina de Albuquerque, afirmou que, depois de dez dias pesquisa em diferentes localidades do país, encontrou diversas deficiências, sobretudo nas favelas e zonas rurais.
De acordo a pesquisa da ONU, somente 38% do esgoto recolhido é tratado de forma adequada.
A pesquisadora da ONU se mostrou satisfeita com os progressos realizados nos últimos anos no país, assim como pelos “compromissos econômicos conseguidos pelo governo federal” neste tema.
Catarina solicitou às autoridades federais, estaduais e municipais a dar prioridade aos mais pobres e marginalizados, “para assegurar a eliminação progressiva das desigualdades no país e que todos tenham acesso a água e saneamento”.
“Ninguém deve ser deixado de lado”, afirmou, ao lembrar que o acesso a água e ao saneamento é um direito humano.
A relatora da ONU ressaltou que o “Brasil é um país de contrastes”, e pediu um esforço maior para as pessoas que vivem em regiões economicamente piores como “favelas e zonas rurais” nas quais o acesso a este direito é muito menor.
Catarina ressaltou que esses grupos não devem ser esquecidos e, apesar de reconhecer os esforços e progressos feitos, assegurou que “existem milhões de brasileiros vivendo em situações deploráveis”. Segundo ela, para muitos o acesso ao saneamento “não passa de um sonho distante”.
Durante a pesquisa, ela se encontrou com moradores dessas comunidades que afirmavam que “se sentiam invisíveis e esquecidos pelos poderes públicos.”
“O fato de o Brasil ainda ter oito milhões de pessoas que praticam diariamente a defecação ao ar livre é inaceitável e constitui uma afronta à dignidade humana. Isso deve ser uma prioridade imediata”, assegurou.
Segundo a pesquisa, o trabalho se encerra no Brasil com um sentimento “doce devido aos progressos realizados, à visão que o governo tem para o setor e ao empenho público em apoiar os mais vulneráveis”, mas também “amargo, porque ainda vejo as vozes e caras dos vários brasileiros que conheci e que ainda vivem na sombra de uma sociedade em rápido desenvolvimento”.
Acesse o PDF: Mais da metade de brasileiros não tem acesso a água e esgoto, indica ONU (EFE.com, 19/12/2013)