(Paraná Online, 25/08/2014) Estamos mais uma vez em época de eleições no Brasil, período muito importante em uma democracia, pois é com o voto que cada cidadão pode ajudar a mudar os rumos da nação pelos próximos anos. No Brasil, quem tem grande participação no resultado final do processo eleitoral são as mulheres, afinal, hoje elas representam, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para o mês de julho de 2014, 52% do eleitorado, composto por mais 142 milhões de eleitores, contra cerca de 48% de eleitores do sexo masculino. Números que se repetem no Paraná e são ainda maiores em Curitiba, com aproximadamente 54% de eleitoras mulheres e 46% de homens. Mas com toda esta presença, será que elas já se deram conta da importância da sua participação na política?
De acordo com professora de processo civil e coordenadora adjunta do curso de Direito da UniBrasil Alessandra Back, apesar dos avanços históricos percebidos desde o início do século passado até hoje, elas ainda não têm a representação e participação política devida. “As mulheres ainda se encontram em uma posição desfavorável, discrepante de sua representação social. Correspondemos a mais da metade da população brasileira, estamos em maior número nas urnas, mas representamos uma minoria nos ambientes políticos como as casas do Senado Federal, Câmara dos Deputados e Assembleias Estaduais. E esta condição acaba afetando criação de melhores políticas públicas voltadas para as mulheres”.
Alessandra afirma que devido ao acúmulo de papéis e funções sociais, falta a elas maior participação, seja como candidatas ou eleitoras mais conscientes. “A mulher acaba não se interessando ou não dando a devida atenção aos assuntos políticos. Elas precisam ao mesmo tempo ser profissionais, donas de casa, mães e muitas vezes ainda chefes da família. Tudo isto faz com que não sobre tempo para outros assuntos que também deveriam receber a atenção”.
Para mudar essa realidade, ela acredita que algumas iniciativas poderiam ser realizadas. “Entre elas, está a educação para uma maior consciência política, desde cedo, em casa ou na escola. Assim, elas poderiam passar a atuar de forma ativa e transformadora como candidatas ou nas comunidades onde estão vivem”. A professora ainda lembra que sempre há tempo para elas começarem a pensar em política. “As mulheres precisam se mobilizar enquanto grupo e tomar consciência de sua importância. Ao escolherem um candidato de acordo com as propostas apresentadas, elas aumentam as chances de eleger pessoas que irão defender seus direitos, melhorando as condições de trabalho, políticas relacionadas à saúde, maternidade e amamentação, violência doméstica e outros assuntos relacionados às necessidades femininas”.
Elas e a política
Enquanto algumas mulheres torcem o nariz quando o assunto é política, outras se interessam pelo tema. Uma delas é a profissional de marketing e comunicação Raphaella Caçapava Santos de Castro, de 27 anos, que, além de gostar muito de política, procura se manter atualizada sobre o que acontece na área. “Foram vários os fatores que fizeram com que eu passasse a gostar de política. O principal é que meu pai tinha o hábito de assistir e ler jornal comigo e com minha irmã quando éramos crianças. Nas refeições, sempre conversávamos sobre os assuntos. Isso nos ajudou a construir uma opinião forte, com um
contínuo processo de busca pelas informações”.
Assim como ela, a servidora púbica Bruna Patrícia Dos Santos, 29, também costuma ficar atenta aos acontecimentos políticos, principalmente antes de decidir quem será o candidata merecedor de seu voto. “Eu geralmente seleciono meu candidato pela história dele na política, como começou, que cargo pretende, se tem capacidade para legislar e se possui o mínimo conhecimento do processo legislativo. Outro ponto importante é se ele tem ficha limpa, se não está envolvido em escândalos. Faço uma busca pelo candidato na internet e também olho a declaração de bens constante do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), para avaliar se houve um ganho patrimonial considerável após o ingresso na política e no decorrer dos mandatos”.
Sobre a o atual cenário político, a administradora Juliana Conceição, 29, afirma que muita coisa ainda precisa ser melhorada. “Penso que o ideal seria começar do zero, se fosse possível. Acredito que a educação deveria incentivar todos a se interessarem por política, assim, todas as crianças cresceriam como verdadeiras cidadãs, compreendendo o que acontece no país. Também acredito que uma maior participação feminina seria positiva. Assim, com informação e melhor educação, teremos no futuro uma população mais consciente e políticos mais honestos e preocupados com a nação”.
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