(O Globo, 22/09/2014) A atriz Emma Watson (isso mesmo, a Hermione, de “Harry Potter”) foi ovacionada ao final de seu primeiro grande discurso como Embaixadora da Boa Vontade da ONU para Mulheres no último sábado, na sede da organização, em Nova York. O depoimento da popstar, classificado como transformador pela imprensa internacional, fez uma defesa veemente do feminismo, exaltando o movimento e convocando os homens do mundo inteiro a se engajar na causa.
Recém-formada em Literatura Inglesa na Universidade de Brown, nos Estados Unidos, a britânica discursou durante o lançamento da campanha mundial “HeForShe” (Ele por ela), que busca recrutar, em 12 meses, cerca de 1 bilhão de homens, entre jovens e adultos, para militar pela igualdade dos direitos civis entre gêneros. Trata-se de uma tentativa inédita da ONU de incluir o sexo masculino na luta feminista.
“Homens, eu gostaria de aproveitar essa oportunidade para estender nosso convite formal. Igualdade de gênero é seu problema também”, convocou Emma. “Nós queremos acabar com a desigualdade entre os sexos e, para fazermos isso, nós precisamos do envolvimento de todos”.
A atriz de 24 anos, que se assume como feminista, revelou que começou a refletir sobre o assunto quando ouviu, aos 8 anos de idade, que era muito “mandona” por querer dirigir as peças de teatro que os alunos apresentavam para os pais na escola. A queridinha de Hollywood comentou que, à época, ficou confusa ao ser insultada por querer assumir o comando, enquanto os meninos tinham permissão para dirigir sem problemas.
“Quando, aos 14 anos, eu comecei a ser sexualizada pela mídia, quando, aos 15, minhas amigas começaram a deixar os esportes que tanto amavam porque não queriam ficar musculosas demais, quando, aos 18 anos, meus amigos homens eram incapazes de expressar seus sentimentos, eu decidi me tornar uma feminista”, recordou.
Emma ainda admitiu que, desde que assumiu o cargo na ONU Mulheres, seis meses atrás, percebeu que o feminismo moderno frequentemente é visto como sinônimo de “ódio aos homens”.
“Se há uma coisa que eu sei com certeza, é que isso tem que parar”, afirmou a embaixadora da ONU. “Para deixar registrado, o feminismo, por definição, é a crença de que homens e mulheres devem ter igualdade de direitos e oportunidades. É a teoria da igualdade política, econômica e social dos sexos. Comecei a questionar suposições baseadas em gênero há muito tempo”.
A artista criticou o fato de que mulheres que escolhem militar pelos direitos das mulheres são consideradas “fortes demais, agressivas demais e até feias”.
“Eu acho que é justo que eu seja paga o mesmo que os meus colegas do sexo masculino. Eu acho que é justo que eu tome decisões sobre o meu próprio corpo. Eu acho que é justo que mulheres se envolvam, em meu nome, nas políticas e nas decisões que afetam minha vida. Eu acho que é justo que, socialmente, eu usufrua do mesmo respeito que os homens”, disse a atriz, sendo muito aplaudida pela plateia.
Acesse o PDF: Embaixadora da ONU, Emma Watson conclama homens a lutar pela igualdade entre os sexos (O Globo, 22/09/2014)