22/07/2010 – Voto feminino deve decidir próximo presidente (R7)

23 de julho, 2010

(R7 Notícias) As mulheres têm cinco milhões de votos a mais do que os homens hoje no Brasil. Elas são maioria do eleitorado há dez anos e a tendência se confirma agora, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Em uma eleição presidencial apertada como a de 2010, essa diferença pode definir quem será o próximo presidente. Não é à toa que os principais candidatos – Marina Silva (PV), Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB)—mobilizam suas campanhas para conquistar as mulheres, um grupo tão grande quanto diverso na população brasileira.”

Segundo estudo do demógrafo José Eustáquio Alves, do IBGE, a participação das mulheres nas eleições tornou-se tão crucial que, nas disputas de 2002 e 2006, foi o voto feminino que levaram ao segundo turno. “Lula ultrapassou os 50% dos votos válidos entre o eleitorado masculino nas duas últimas eleições, mas a menor intenção de voto nele entre as mulheres foi suficiente para impedir uma vitória de primeira”, diz o demógrafo.

Para José Eustáquio, nas eleições de 2010 o voto feminino será ainda mais importante, não apenas pela quantidade maior de eleitoras, mas porque, além de haver candidatas com mais estrutura de campanha para atrair os votos das mulheres, uma delas já está empatada na dianteira, segundo as pesquisas de intenção de voto.

Na visão da cientista política da USP Teresa Sacchet, o problema de Dilma Rousseff com as mulheres pode estar relacionado à imagem política e ao discurso que ela passa ao eleitorado feminino. Historicamente, Lula sempre teve menos adesão de mulheres do que de homens nas eleições: “O PT tem uma composição plural típica da ‘nova esquerda’. Foi construído tanto por movimentos sociais, com forte atuação feminina, como por uma base sindical, onde predomina uma cultura masculina. Para fora, talvez acabe trazendo mais essa imagem de um partido sindical, visto como mais masculino”, diz a pesquisadora.

Já na opinião de Natália Mori, socióloga e diretora da ONG Cfemea (Centro Feminista de Estudos e Assessoria), o discurso de Dilma Rousseff é mais voltado para assuntos amplos, como política econômica e diferenças ideológicas, passando longe de propostas que afetam diretamente a vida prática da mulher. “Não há debate, por exemplo, sobre a violência contra a mulher, sobre os problemas de saúde específicos da mulher, do acesso a creches, que é essencial para a autonomia econômica dela. Se as candidatas não falam de direitos das mulheres, como esperar que votem nelas?”

Para o demógrafo José Eustáquio Alves, a vantagem de José Serra entre as mulheres pode estar ligada ao fato de ele ainda ser lembrado como ministro da Saúde: “A ideia de que, como ministro, cuidava da saúde das pessoas, traz uma imagem mais favorável”.

Mulheres não são indecisas, elas demoram mais para decidir

Pesquisas realizadas em campanhas anteriores mostram que as mulheres tendem a deixar para definir seu voto pouco antes das eleições. Isso, no entanto, não significa que elas sejam menos politizadas, diz a socióloga Fátima Pacheco Jordão, fundadora do Instituto Patrícia Galvão: “Mulheres se interessam por políticas públicas, por propostas concretas nas áreas de saúde, educação e segurança que as atingem diretamente. Até agora, as campanhas discutiram mais alianças partidárias, a escolha do vice, o jogo de poder, que interessa mais a homens”.

O demógrafo José Eustáquio Alves concorda: “Tem gente que acha que mulher é mais ‘indecisa’. Acho que as mulheres são mais exigentes. Como consumidoras, quando vão à loja, por exemplo, olham mais, demoram mais para escolher. A mesma coisa na política. Estão esperando os candidatos explicarem melhor suas propostas”.

Acesse na íntegra
Indecisão feminina é trunfo para candidatos (R7 Notícias – 22/07/2010)
Voto feminino deve decidir próximo presidente (R7 Notícias – 22/07/2010)

Leia também:
21/07/2010 – Mulheres continuam sendo maioria do eleitorado brasileiro (Folha)
Homens e mulheres têm visões diferentes do processo eleitoral, por Fátima Pacheco Jordão
O poder do voto feminino – por Fátima Pacheco Jordão

Contato:

Fátima Pacheco Jordão – socióloga
Instituto Patrícia Galvão
São Paulo/SP
(11) 3826-7651 / 9423-9402 – [email protected]

José Eustáquio Diniz Alves – demógrafo e pesquisador
Professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais
da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE
Rio de Janeiro/RJ
(21) 2142-4689 / 2142-4696 / 9966-6432 – [email protected]

Teresa Sacchet – cientista política e pesquisadora
Núcleo de Pesquisa de Políticas Públicas da USP
São Paulo/SP
(11) 3091-3272 (nupps) /  8110-3570 – [email protected] 

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