(O Estado de S. Paulo) Em entrevista excluisiva ao jornal britânico The Guardian, a iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento, acusou o governo de seu país de mentir para poder executá-la em segredo. Sakineh diz que foi condenada por ser mulher.
Segundo as autoridades iranianas, Sakineh, de 43 anos, foi condenada por tentativa de assassinato do marido e adultério, mas ela nega as acusações em declarações enviadas ao diário britânico “The Guardian” por meio de um intermediário que, de acordo com o jornal, não pode ser identificado por motivos de segurança.
“Eles mentem. Estão envergonhados pela atenção internacional dada ao meu caso, realizam manobras de distração e tentam confundir os veículos de comunicação para poder me matar em segredo”, afirmou a iraniana.
“Me declararam culpada de adultério, mas me absolveram da acusação de assassinato. O homem que matou meu marido foi identificado e preso, mas não foi condenado à morte”, disse Sakineh.
“A resposta é muito simples. É porque sou uma mulher e acham que podem fazer o que querem com as mulheres neste país. Para eles, o adultério é pior que o assassinato, mas não todos os adultérios: um homem adúltero pode acabar na prisão, mas para as adúlteras significa o fim do mundo”.
“Tudo isto ocorre porque vivo em um país onde as mulheres não têm direito a se divorciar de seus maridos e são privadas de seus direitos fundamentais”, protesta Sakineh.
Sobre sua vida na prisão, Sakineh disse que é maltratada diariamente por seus carcereiros. “Suas palavras, o jeito que me olham – uma mulher adúltera que deveria ser apedrejada -, é como se me apedrejassem até a morte todos os dias”.
Acesse na íntegra: Mulher condenada à morte por apedrejamento acusa Irã de mentir (O Estado de S. Paulo – 07/08/2010)