(UOL, 07/05/2015) Um estudo feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que o risco de um jovem negro ser assassinado no Brasil tem aumentado e supera em 2,5 vezes a possibilidade de um jovem branco ser vítima de homicídio.
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Elaborado em parceria com a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e a pedido do governo federal, o Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade Racial 2014 apontou que a taxa de jovens negros assassinados por 100 mil habitantes subiu de 60,5 em 2007 para 70,8 em 2012. Entre os jovens brancos, a taxa de vítimas de homicídio também aumentou: de 26,1 para 27,8.
Ou seja, os riscos aumentaram para os jovens de modo de geral, mas passaram a ameaçar ainda mais os negros. O risco de homicídio de um jovem negro superava em 2,3 vezes o de um branco em 2007. A diferença chegou a 2,5 em 2012.
Em números absolutos, isso significa que 29.916 jovens foram mortos em 2012, sendo 22.884 negros e 7.032 brancos. Em 2007, o número de jovens assassinados havia ficado em 26.603, dos quais 18.860 eram negros; e 7.443, brancos.
Nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte, os riscos para os negros são ainda maiores. No Centro-Oeste, a taxa de jovens negros assassinados por 100 mil habitantes bateu na casa de 88,6 em 2012, pouco acima do índice nordestino, que é de 87. A taxa entre os negros do Norte é de 72,5.
Em alguns Estados, há taxas de assassinato ainda mais altas entre a juventude negra. Ela vai a 115,4 na Paraíba, a 126,1 no Espírito Santo e a 166,5 em Alagoas. “Os homicídios mostram-se como a grande tragédia da população jovem negra hoje no Brasil”, informou o relatório. O Paraná é o único Estado onde o risco é maior para jovens brancos.
“A OMS (Organização Mundial da Saúde) considera que taxas acima de dez para cem mil são consideradas como epidemia. O Brasil já ultrapassou o quadro epidêmico, é endêmico. É um quadro que persiste há décadas”, afirmou Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum.
“Reduzimos a desigualdade, mas não conseguimos reduzir a violência”, disse a pesquisadora. Para ela, o Brasil precisa considerar a segurança pública como fator de desenvolvimento e ter políticas mais sólidas voltadas aos jovens, sobretudo aos negros.
O relatório apontou que a segurança pública precisa incorporar a juventude como um público prioritário. “Não se trata de investir mais em policiamento. Boas políticas de segurança associam policiamento, prevenção e políticas sociais. O jovem é mais vítima do que agressor”, declarou Samira.
Outro índice
O estudo refere-se a jovens de 12 a 29 anos, leva em conta a proporção das raças na população e usa como base dados produzidos por fontes como o SIM (Sistema de Informações de Mortalidade), do Ministério da Saúde, e o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas).
O relatório também apresenta um indicador inédito, o Índice de Vulnerabilidade Juvenil – Violência e Desigualdade Racial. Ele é calculado com base em cinco categorias: mortalidade por homicídios, mortalidade por acidentes de trânsito, frequência à escola e situação de emprego, pobreza no município e desigualdade.
O resultado mostra que a cor da pele dos jovens está diretamente relacionada ao risco de exposição à violência a que estão submetidos. Numa escala de 0 a 1, quatro Estados se situam na categoria de vulnerabilidade muito alta para negros, com índices acima de 0,5: Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Ceará.
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