Mulheres têm 3,5 vezes menos chance de se tornarem executivas em seguradoras do que homens, segundo estudo da Escola Nacional de Seguros. Apesar de serem maioria no mercado, elas ainda são minoria em cargos de liderança, têm salário médio menor e recebem menos treinamento.
(Valor Econômico, 22/09/2016 – acesse no site de origem)
Com participação de 316 mulheres empregadas no setor, a pesquisa apontou que 56% dos funcionários de seguradoras são do sexo feminino. No nível executivo, no entanto, elas são apenas três de cada dez profissionais. Isso representa uma ligeira melhora em relação à pesquisa anterior, feita em 2012, quando a proporção era de duas para dez. No nível gerencial, a relação é um pouco melhor, com mulheres ocupando quatro de cada dez cargos, e entre coordenadores há praticamente igualdade na distribuição das funções.
A diretora de ensino técnico da Escola Nacional de Seguros, Maria Helena Monteiro, atribui os resultados ao conservadorismo do setor, que ela considera mais forte do que em outros segmentos. “O mercado de seguros sempre existiu com base na confiança e no relacionamento entre homens, e isso ainda está muito arraigado. É preciso modernizar a gestão”, diz.
A pesquisa aponta que as mulheres ainda sentem mais pressão para conciliar vida familiar e profissional, com 90% das respondentes concordando com essa afirmação. Praticamente todas as funcionárias voltam a trabalhar logo após o término da licença maternidade, mas, um ano depois, 15% delas saem da empresa. Embora a pesquisa não aponte a causa da saída se elas mudam de emprego ou deixam o mercado de trabalho , Maria Helena estima que boa parte escolha dar uma pausa na carreira. Além disso, cerca de 60% das profissionais já sentem o desafio de cuidar não só dos filhos, mas também dos pais. “O cuidado de idosos acaba sendo um problema que também recai mais sobre as mulheres”, diz.
A evolução mais lenta da mulher na carreira dentro de seguradoras resulta em salários médios mais baixos para elas (70% do salário médio masculino), e menos horas de treinamento. Profissionais homens recebem, em média, 21 horas de treinamento por ano, enquanto elas fazem 15. Menos de 30% das seguradoras têm políticas ou programas de igualdade de oportunidades para homens e mulheres. “No mercado financeiro ou em um setor como o de tecnologia, o esforço é maior.”
Letícia Arcoverde