23/10/2011 – Assédio é humilhação e não tem graça nenhuma, diz vítima de violência no metrô

23 de outubro, 2011

(Folha de S.Paulo) Assediada no Metrô ataca quadro do ‘Zorra Total’. ‘Só quem já sentiu na pele a humilhação de ter um sujeito se esfregando contra seu corpo sabe a tristeza que é’, diz jovem de 21 anos, que acusa advogado de tê-la atacado sexualmente em trem do metrô de São Paulo.

“A gente que trabalha sabe o empurra-empurra que é pegar o metrô na ida e na volta, e ainda por cima no horário de pico. Aí, eles põem essa brincadeira ridícula. Só quem já sentiu na pele a humilhação de ter um sujeito se esfregando contra o seu corpo sabe a tristeza que é. Tem gente que acha engraçado, mas eu, se eu pudesse, tirava [o quadro] do ar”, disse X, em entrevista exclusiva à repórter Laura Capriglione, do jornal Folha de S.Paulo.
Veja cenas de assédio no quadro Metrô Brasil, do programa ‘Zorra Total’
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Pesquisa revela ação inadequada para prevenção do assédio no Metrô
No final de 2004, o próprio Metrô de São Paulo realizou pesquisa com usuários para avaliar, entre outros quesitos, as ações da companhia para prevenir o assédio sexual nos trens. Para 21% dos entrevistados, nada era feito -serviço considerado inaceitável-; 45% disseram que a companhia só agia quando a vítima conseguia informar um funcionário -nível considerado inadequado.

Sete anos depois, o Metrô alega não dispor de dados atualizados sobre os níveis de satisfação (ou insatisfação) em relação à prevenção de assédio em suas dependências. Em nota, a empresa afirma que, de janeiro a setembro de 2011, foram registrados na Delpom dez casos de ato obsceno e 43 casos de importunação. “No mesmo período, o Metrô transportou 807 milhões de passageiros.”
Enquete da Folha.com: Você já presenciou algum ato obsceno no metrô de SP?

Subnotificação decorre do constrangimento e desassistência
Para Marisa Mendes, diretora do Sindicato dos Metroviários, o que há é uma “imensa subnotificação, porque as mulheres molestadas se sentem humilhadas e desassistidas demais”. Segundo a sindicalista, os ataques decorrem da superlotação dos trens e da falta de investimento em segurança, que poderia intimidar os assediadores.

Marisa responsabiliza também o que chama de “banalização do assédio, propiciada por um tipo de humorismo que faz graça com a dor das mulheres”. Refere-se ao quadro do “Zorra Total”.

Emissora diz que não alterará quadro
Procurada pela reportagem da Folha, a Central Globo de Comunicação não quis responder às críticas feitas ao quadro do “Zorra Total”, e informou que “não vai alterar em nada” o seu conteúdo.

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Leia a reportagem na íntegra:
Assediada no metrô ataca o ‘Zorra Total’ (Folha de S.Paulo – 23/10/2011)
Emissora diz que não alterará quadro; acusado afirma inocência (Folha de S.Paulo – 23/10/2011)

 

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