A ABIA acaba de lançar mais uma edição do Guia do Sexo Mais Seguro, coordenado pelo Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens, com foco as mulheres trans e travestis. O objetivo é visibilizar práticas comportamentais e sexuais diversas, com foco na sexualidade, nos corpos e prazeres mútuos de forma individual e coletiva com vistas às novas tecnologias de prevenção ao HIV e demais infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). O lançamento aconteceu no Scorial Hotel Rio, localizado no Flamengo (RJ), e contou com a participação massiva de mulheres trans e travestis que, além de contribuírem com o debate no lançamento, colaboraram durante o processo de produção do material.
(ABIA, 02/07/2019 – acesse no site de origem)
A publicação é o terceiro volume impresso do Guia do Sexo Mais Seguro, um repositório de informações online sobre a prevenção do HIV e da AIDS e das demais ISTs. Já foram impressos materiais específicos para homens que fazem sexo com homens (HsH) e mulheres cis (heterossexuais). “A prevenção é muito mais do que camisinha, é esclarecer sobre sexualidade. Nós da ABIA, na história da nossa instituição, sempre falamos sobre prevenção, trabalhando também as questões do corpo, do prazer, da sexualidade. Nesses tempos tão sombrios, em que se sobressaltam os discursos conservadores e a censura, esse material é algo extremamente ousado e necessário”, afirmou Vagner de Almeida, coordenador do Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens da ABIA. Todas as publicações estão disponíveis online.
O Guia do Sexo Mais Seguro para Mulheres Trans e Travestis contou com a participação delas na produção do conteúdo. A ABIA convidou mulheres trans e travestis do Rio de Janeiro de diferentes idades e perfis. Uma das voluntárias foi a trans Luciana Vasconcellos que se emocionou ao falar da participação na confecção do material: “só tenho que agradecer todo o carinho, o apoio e o cuidado que a ABIA e o Projeto sempre tiveram com a gente. […] Até alguns anos atrás eu não sabia da importância da prevenção e do uso da camisinha. Até eu me conscientizar, outras meninas me ajudaram muito. Então espero que esse material sirva para aquela menina trans e travesti que esta lá na pista, é pobre e não tem acesso ao conhecimento e à essa oportunidade que a ABIA nos permite”, afirmou Vasconcellos.
Outra que celebrou a chegada do novo guia foi a Wescla Vasconcelos, pedagoga e representante do Fórum de Travestis e Transexuais do RJ. “Esse é o primeiro material que eu vejo desse tipo, focado nas mulheres trans. Infelizmente, as mulheres trans ainda são contabilizadas como HsH (Homens que fazem sexo com Homens) mesmo as redesignadas, o que é mais um reflexo de como a Saúde e os corpos das mulheres e das pessoas trans são negligenciados em nossa sociedade”, disse a pedagoga.
O lançamento Guia do Sexo Mais Seguro para Mulheres Trans e Travestis marcou o encerramento da oficina, “Interseccionalidade – Enfrentamento da Epidemia de AIDS no Brasil Contemporâneo”. Organizada pelo Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direito entre Jovens, a atividade reuniu jovens ativistas e articuladores de diversos estados do Brasil para debater questões relacionadas ao enfrentamento das opressões estruturais (por exemplo, a lgbtfobia e o racismo) relacionados com o HIV/AIDS e a prevenção.
“A epidemia de AIDS veio à tona não apenas como uma questão de saúde, mas ela deu visibilidade a comunidade LGBT, como também ao preconceito, as opressões e todos esses temas que se interseccionam e que nós debatemos tanto aqui hoje. Nossa expectativa é que este novo material também sirva para debater essas questões, além de levar informação, prevenção e a ousadia para a população trans”, concluiu Vagner de Almeida.
Acesse o Guia do Sexo Mais Seguro para Mulheres Trans e Travestis aqui.
Por Maria Lúcia Meira (estagiária), Edição e supervisão: Angélica Basthi