01/12/2011 – ‘Muitas mulheres ainda dependem do sobrenome para se candidatar’

01 de dezembro, 2011

(iG) Para cientista política, influência de Dilma ajudará a aumentar participação feminina na eleição de 2012

A cientista política Maria do Socorro Sousa Braga, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), diz enxergar uma tendência de aumento da participação feminina na política brasileira, não somente nas prefeituras e câmaras municipais, mas também na corrida por vagas de deputado estadual e federal. “Têm aumentado paulatinamente, ano a ano. O aumento é pequeno, mas é constante”, avalia.

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Grande parte da participação feminina, no entanto, ainda depende da herança política familiar, de acordo com a especialista. Muitas esposas e filhas de homens que conquistaram espaço nos poderes Executivo e Legislativo aproveitam o sobrenome para tentar uma vaga a cargos públicos.

“As mulheres não têm um histórico maior de participação política. Isso diminui suas chances para que o partido lance uma mulher. Por isso, especialmente na região Norte, a presença de mulheres está muito mais relacionada às questões familiares, aos clãs de políticos, à herança política”, explica.

Para Maria do Socorro, a influência da presidenta Dilma Rousseff, que nomeou mulheres para compor o núcleo duro de seu governo, pode ter um efeito positivo na participação feminina na política. “Há muita influência dos partidos da base do governo Dilma em incentivar candidaturas de mulheres. Por isso, é possível que haja um crescimento, que já vem acontecendo, ainda maior da presença feminina na eleição do ano que vem.”

Ela avalia, ainda, que a projeção de aumento da participação feminina na política é maior nas capitais. Em 2012, só não há mulheres cotadas para disputar a prefeitura nas capitais em quatro dos 26 Estados brasileiros – em João Pessoa, na Paraíba, Curitiba, no Paraná; Recife, em Pernambuco, e Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Nas demais capitais, 48 mulheres são apontadas como pré-candidatas. A tendência é que o número aumente com relação à última corrida municipal, em 2008, quando 28 mulheres se candidataram às prefeituras de capitais.

Em muitas regiões do interior do País, entretanto, a especialista afirma que ainda predomina um padrão machista, patriarcal. “Quando você fala de interior, não é sempre assim”, afirma. “Mas não dá para apostar todas as fichas agora. Ainda podem aparecer mulheres nessas capitais (João Pessoa, Recife, Curitiba e Campo Grande). Tudo depende muito do contexto dos partidos, se vai haver candidato concorrendo à reeleição, por exemplo”, avalia.

Acesse em pdf: ‘Muitas mulheres ainda dependem do sobrenome para se candidatar’ (iG – 01/12/2011)

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