Marília Carvalho, professora da Faculdade de Educação da USP, pesquisa educação e relações de gênero. Ela conversou com Mauricio Ernica e Viviane Ramos, do Portal IDeA, sobre como asdesigualdades educacionais por gênero estão organizadas atualmente e quais devem ser as consequências sobre elas da quarentena necessária ao combate da Covid-19. Esta é uma seleção de trechos da conversa, que pode ser lida na íntegra neste link.
Portal IDeA: Por todo o mundo, as desigualdades educacionais por gênero assumiram novos padrões nas últimas décadas do século XX. No Brasil, a partir de 1980, as mulheres já eram mais escolarizadas que os homens e tinham maiores níveis de aprendizagem, sobretudo em língua materna. No entanto, outras diferenciações perduram, como as associadas aos aspectos identitários e culturais da educação escolar. Quais são as principais características, hoje, das desigualdades educacionais por gênero?
Marília Carvalho: Hoje, em termos de acesso, há igualdade entre meninos e meninas. As desigualdades começam a aparecer na progressão da escolaridade. Na medida que a escolaridade vai avançando, o percentual de meninas matriculadas é maior que o de meninos. Por consequência, quando se observa o conjunto da população, as mulheres têm, em média, mais anos de estudo do que os homens.