Candidaturas presidenciais aderem à iniciativa #Brasil5050 pela igualdade de gênero

04 de outubro, 2018

Compromissos assumidos por presidenciáveis e vices fortalecem empenho por democracia com paridade de gênero, que, para 7 em cada 10 brasileiras e brasileiros, só se efetiva com mais mulheres na política

(ONU Mulheres, 04/10/2018 – acesse no site de origem)

Quatro candidatas à Vice-Presidência da República nas eleições 2018 firmaram a Carta Compromisso da iniciativa #Brasil5050 Todas e todos pela igualdade com foco na paridade de gênero: Ana Amélia Lemos (que integra a chapa de Geraldo Alckmin/PSDB) e Kátia Abreu (vice de Ciro Gomes/PDT), da deputada estadual Manuela D’Ávila (vice de Fernando Haddad/PT) e Sonia Guajajara (a candidata a copresidenta junto com Guilherme Boulos/PSOL).

A adesão das vice-presidenciáveis  se soma à Norma Marco Democracia Paritária, estabelecida pelo Parlamento Latino-americano (Parlatino) em 2015. O Brasil é um dos signatários do documento que visa assegurar a efetividade dos direitos humanos a mulheres e meninas no continente, com base na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e em outros tratados e acordos internacionais sobre direitos das mulheres.

O compromisso com a ONU Mulheres Brasil foi firmado durante o debate “Mulheres na Política”, realizado pelo Instituto Locomotiva e El País, com apoio da ONU Mulheres, na última sexta-feira (28/9). Dentre as cinco concorrentes ao cargo, apenas Suelene Nascimento, que compõe junto com o Cabo Daciolo à chapa presidencial apresentada pelo Patriota, não esteve presente ao evento.

Compromisso com a igualdade – Nesta eleição, em que a poucos dias do pleito mais de um quarto das eleitoras ainda não declaram identificação com nenhuma das 14 candidaturas apresentadas, é importante refletir como a baixa presença de mulheres nos parlamentos e nos espaços de definição das políticas públicas e políticas para as mulheres exclui mais da metade da população.

“As mulheres não estão ‘indecisas’ porque não estejam interessadas [no debate eleitoral]. Elas estão ‘indecisas’ porque não estão ouvindo dos candidatos e das candidatas quais são as propostas para fazer um país igualitário, um país melhor. Esse é o desafio de vocês nesses últimos dias: convencer as mulheres que vão votar das propostas políticas que deem respostas aos problemas cotidianos de cada uma delas”, frisou Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres Brasil.

Gasman também destacou no encerramento do evento que “os dados mostram que a população quer igualdade. Não é uma abstração, não é a ONU dizendo ‘50-50’, são as pesquisas que mostram as brasileiras e brasileiros dizendo que o mundo seria melhor, o Brasil seria melhor, o parlamento seria melhor se tivéssemos igualdade. Nos temas da educação, saúde, participação política, participação econômica, liberdade de ir e vir e no combate à violência, a população está pedindo igualdade ”.

Nadine reforçou ainda que a iniciativa Brasil 50-50, da ONU Mulheres e parcerias, é uma proposta proativa voltada a partidos e candidaturas a se comprometerem com a igualdade entre homens e mulheres no país, e também um apelo às eleitoras e eleitores para que votem conscientemente da necessidade de avançar nos direitos de igualdade às mulheres para potencializar o desenvolvimento e a justiça social. “É preciso trazer ao debate público a concretização da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável no Brasil. Sabemos que não teremos desenvolvimento sustentável, nem no âmbito político, nem econômico, nem social ou ambiental sem a participação em igualdade de homens e mulheres na sua diversidade”, afirmou.

Política e representação – Durante o evento “Mulheres na Política” foi apresentada a pesquisa Locomotiva  Entre os dados, destacam-se: 95% das mulheres brasileiras acreditam que deveria haver mais representantes femininas na política. Além disso, 94% delas não se sentem representada pelos políticos em exercício e 9 em cada 10 discordam que “os políticos pensam nas necessidades da população para tomar suas decisões”. Ao mesmo tempo, ressalta o Instituto, “76% das mulheres concordam que seu voto pode fazer a diferença no país, enquanto 72% afirmam se interessar em algum grau por política”.

O levantamento baseado em pesquisa quantitativa, pesquisas qualitativas e análise de dados secundários ouviu 2.002 brasileiras e brasileiros maiores de 16 anos em 35 cidades de todas as regiões do país.

O presidente do Locomotiva, Renato Meirelles, disse que “a desigualdade de gênero traz prejuízos financeiros ao país”, onde 29 milhões de lares têm mulheres como provedoras, enquanto ainda ganham em média um quarto a menos que homens nas mesmas funções. Os prejuízos não são só econômicos, mas também sociais e políticos, como demonstram vários estudos internacionais e aponta a Plataforma do Cairo,  importante pela definição do conceito de saúde reprodutiva, incluindo metas de redução de morte materna e infantil.

Acesse aqui o relatório completo da pesquisa.

Debate pioneiro – O debate inédito somente entre candidatas mulheres ao segundo posto de comando da Nação brasileira foi mediado pela editora-chefe do jornal ‘El País’, Carla Jimenez. As vice-presidenciáveis responderam a perguntas formuladas pelas jornalistas Adriana Ferreira Silva (Marie Claire), Alessandra Balles (Cláudia), Débora Bergamasco (SBT), Joyce Ribeiro (TV Cultura), Juliana Linhares (Universa/UOL), Regiane Oliveira (El País) e Sonia Racy (Estadão). Além da comunicadora Jacira Melo (Instituto Patrícia Galvão, instituição parceira da iniciativa #Brasil5050) e da cientista social e diretora executiva do Instituto Locomotiva, Maíra Saruê Machado.

Assista abaixo ao vídeo da transmissão online do Encontro Mulheres na Política, que foi a segunda edição do Seminário Brasileiras. Na primeira vez em que El País e Locomotiva promoveram uma ação similar foram reunidas especialistas e lideranças femininas, em 2016, para discutir os avanços, retrocessos e desafios da agenda para a igualdade de gênero no Brasil.

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