(Correio Braziliense) Sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi, Marcos Coimbra analisa a influência que tiveram nas eleições presidenciais deste ano os chamados “temas morais”, como o aborto, a união civil entre pessoas do mesmo sexo e o consumo de drogas.
“A mais recente pesquisa nacional da Vox Populi ajuda a compreender o modo como a opinião pública reage a tais temas e revela um aspecto pouco óbvio de seu impacto eleitoral. Ela foi feita entre 19 e 23 de novembro. A primeira coisa que chama a atenção são as proporções que apoiam as restrições existentes: 82% dos entrevistados são de opinião que o aborto não deve deixar de ser considerado crime; 72% acham que o governo não deve propor mudanças na legislação que o descriminalizem; 60% entendem que a união civil de pessoas do mesmo sexo não deve ser permitida; 72% acham que o governo não deve propor leis que descriminalizem o consumo de drogas.”
“Outro resultado interessante é que não há diferenças nos padrões de resposta dos eleitores de Dilma e de Serra. Contrariando uma expectativa que se difundiu quando a campanha do PSDB pisou no acelerador dessa temática, a ‘taxa de conservadorismo’ do voto Serra foi idêntica à de Dilma: 82% dos eleitores da petista e 82% do tucano, por exemplo, são favoráveis a que o aborto continue a ser considerado crime. O mesmo acontece no tocante à união civil homossexual (60% dos eleitores de Dilma e 62% de Serra acham que não deve ser permitida) e à revisão da legislação que proíbe o consumo de drogas (apenas 11% de Dilma e 12% de Serra acham que deve mudar).”
“Olhando esses números, vemos que há eleitores do PT conservadores e progressistas nessas questões, assim como do PSDB. Não é com base nelas que se explica a vitória de Dilma ou a derrota de Serra.”
Leia esse artigo na íntegra: Os temas morais, por Marcos Coimbra (Correio Braziliense – 08/12/2010)