Maioria da população do país (54%), os negros são minoria na política. Dos 513 deputados federais, apenas 22 se declararam negros (veja aqui). A desigualdade racial, evidenciada na sub-representação dos negros na política, desde as câmaras municipais até o Congresso Nacional, será retratada em diversos graus e dimensões no Mapa da Desigualdade Racial, desenvolvido pela Procuradoria Regional Eleitoral em São Paulo (PRE-SP).
(Procuradoria Regional Eleitoral/SP, 12/07/2017 – Acesse no site de origem)
A PRE-SP reuniu hoje (12/7) ativistas negros para discutir o aprimoramento da metologia para a criação dessa ferramenta que mostrará a desigualdade racial na política, principalmente detalhando essa realidade nos municípios. Isso está sendo feito basicamente por meio de cruzamento de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Mapa da Desigualdade Racial
A ideia é mostrar a representação dos negros nas câmaras municipais, assembleias legislativas, no Congresso Nacional e nos cargos executivos, uma iniciativa aplaudida pelos ativistas negros e de movimentos sociais que pretendem usar a ferramenta para subsidiar sua atuação no combate às desigualdades. A intenção deles é que seja uma ferramenta mobilizadora, seja na formulação de políticas públicas, mudança da legislação eleitoral ou reforma política.
Por que o mapa? O procurador regional eleitoral Luiz Carlos Gonçalves responde: “Porque a desigualdade racial é um tema de pouca visibilidade no campo eleitoral e o mapa chama a atenção para essa questão”.
A barreira para combater a sub-representatividade dos negros na política começa nos próprios partidos que praticamente ignoraram convite feito pela PRE-SP para participar da reunião de hoje, o que reforça a avaliação do procurador de que é precisa tratar desse assunto de forma sistemática.
Por que essa questão é importante? A ativista Maria Aparecida Pinto diz que o deficit de representação dos negros na política significa que estes não terão participação efetiva na formulação de leis e políticas públicas que possam combater as disparidades não apenas na política, mas em todas outras dimensões. “Nesse ritmo, vamos patinar por mais 400 anos”, afirma.