Presidente do TSE debate participação da mulher na política com jornalistas

18 de março, 2014

(Portal TSE) O quinto programa da série “Eleições 2014 – uma conversa com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)” foi gravado na manhã desta terça-feira (18) e contou com a participação de quatro jornalistas representantes do sexo feminino, marcando as comemorações do mês da mulher. O presidente do TSE, ministro Marco Aurélio, respondeu a todas as perguntas feitas por Ana Paula Padrão, do site Tempo de Mulher, Dora Kramer, do jornal O Estado de S. Paulo, Denise Rothenburg, do Correio Braziliense, e Eliane Cantanhêde, da Folha de S.Paulo. O programa tem duração de 30 minutos e vai ao ar nesta quarta-feira (19), às 13h30, pela TV Justiça.

Entre os temas debatidos, o principal foi a participação feminina na política brasileira. Na opinião do ministro Marco Aurélio, há um problema cultural que causa uma visão míope e que precisa ser abandonada: a ideia de que a política deve ser comandada pelos homens. Segundo ele, é incoerente termos tão poucas candidatas se o número de mulheres é maior do que o de homens em nossa sociedade. Ele citou, como exemplo, o fato de as universidades terem maior número de mulheres como alunas, cenário que deveria ser observado também na política.

O ministro ainda opinou que a principal barreira para as mulheres entrarem na política são as convenções partidárias, predominantemente comandadas por homens, líderes de partidos que não apoiam as candidaturas femininas.

Para ele, há um descompasso entre o formal e a realidade, uma vez que a legislação obriga a inscrição de no mínimo 30% de mulheres como candidatas em cada eleição, mas concretamente não se atinge esse percentual. Segundo o ministro, o que ocorre na maioria das vezes é “um faz de conta”, pois há a escolha em convenção de candidatas que vão simplesmente figurar em sentido formal e não serão de forma concreta e efetiva verdadeiras concorrentes. “Precisamos abandonar esse enfoque”, afirmou o ministro.

“É tempo de voltarmos os olhos para a participação feminina na política e buscarmos, portanto, novos dias para essa sofrida República”, finalizou.

Depoimentos

Ao final do programa, as jornalistas deram seus depoimentos sobre o número, ainda reduzido, de mulheres em cargos eletivos.

Denise Rothenburg relatou que as deputadas federais reclamam muito da convivência com os colegas. Segundo ela, no momento que começa um debate mais acalorado com a participação de mulheres, os homens “partem logo para as ofensas pessoais”. De acordo com a jornalista, “quando o debate é entre homens, isso não ocorre. Agora, se a mulher entra num debate mais aprofundado, vem logo uma ofensa pessoal. Quando os homens passam do tom, isso sempre é visto como normal; quando a mulher passa do tom é classificada como destemperada. Esse é um preconceito que precisa acabar. Homens e mulheres têm que aprender a conviver muito bem, inclusive na política”.

Eliane Cantanhêde destacou que “pesquisas de opinião mostram que há uma percepção da sociedade de que a mulher tem características muito importantes na política. Há uma percepção popular de que a mulher é mais disciplinada, é mais trabalhadora, mais honesta, tem mais cuidado com a ética nas relações, então, de acordo com a sociedade, seria muito interessante uma maior participação da mulher”.

Ana Paula Padrão defendeu que haja, em primeiro lugar, um ambiente favorável à voz feminina. “Do mesmo jeito que acontece na política acontece nas empresas. Temos poucas mulheres presidentes de empresas porque o ambiente não é favorável para que elas se manifestem. Esses ambientes ainda são excessivamente masculinos e um pouco machistas. Temos um viés de machismo ainda muito grande na sociedade brasileira. No momento em que as empresas e a política forem mais porosas à presença feminina, vai ser um grande benefício para o Brasil porque a mulher tende a ser mais ética, mais gregária, pensa menos em si mesma, até para manter a unidade familiar, e isso leva a mulher a ter uma postura menos corruptível, menos suscetível a situações limites onde ela precisa escolher entre ela e o outro, em geral ela escolhe o outro. Imagino que em algum momento a gente vai chegar a isso sim. Se a minha geração não vir isso, espero que outras gerações vejam. Ou seja, eu espero que daqui a 25 anos a gente esteja discutindo outras coisas”, disse.

Dora Kramer acredita que deve ser feita uma pesquisa com as mulheres para saber se elas se interessam pela política e porque não se candidatam. Para ela, é preciso descobrir “se elas encontram alguma barreira, algum preconceito, ou se apenas não se interessam em participar da política”, afirmou ao destacar que essa é uma questão que deveria ser estudada.

Outros temas também foram debatidos como a credibilidade da urna eletrônica e a Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar nº 135/2010).

CM/DB

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