Além de denunciar o total despreparo do Rio Grande do Sul, após um ano sem investir na contenção de desastres e afrouxar quase 500 normas ambientais (e do Brasil) para lidar com uma emergência climática desse porte, as terríveis notícias do estupro de mulheres desabrigadas pela catástrofe em centros de acolhimento mostram, uma vez mais, porque as respostas às catástrofes exigem, como ação imediata, uma abordagem de gênero e, por sua vez, o estabelecimento de medidas protetivas emergenciais.
É fato que as populações em situação de vulnerabilidade social – que já sofrem múltiplas faces das violências – são as mais afetadas pelos desastres climáticos, mas o aumento da vulnerabilidade extrema das mulheres e meninas durante esses eventos vem sendo alertada há anos por organizações da sociedade civil e agências da ONU em fóruns multilaterais. Considerando que a crise climática a cada dia se agrava, mais do que nunca precisamos de olhares atentos e ações concretas para garantir, no mínimo, proteção das mulheres e crianças contra o abuso e à exploração sexual em situações como a que vive hoje o Sul do país.