Ano passado, foram registrados 78 feminicídios no estado, segundo nova edição do Dossiê Mulher, divulgado pelo Instituto de Segurança Pública
(O Globo | 18/10/2021 / Por Lucas Altino)
RIO — Em quase 20% dos casos de feminicídio registrados ano passado no Rio, filhos presenciaram o assassinato de suas mães. Apesar de a pandemia da Covid-19 e o isolamento social terem contribuído para subnotificação dos crimes, o número de casos de violência contra mulher continuou, em 2020, em níveis alarmantes, segundo a nova edição do Dossiê Mulher, do Instituto de Segurança Pública (ISP), apresentada na manhã desta segunda-feira pelo governo estadual.
Foram registrados, em 2020, 78 feminicídios. Destas, cinquenta e duas vítimas eram mães, e 34 tinham filhos menores de idade. Cerca de 20% desses feminicídios (15) foram presenciados pelos filhos; e os companheiros ou ex-companheiros representam a maioria dos autores dos crimes (78,2%). Além disso, quase 75% das mulheres foram mortas dentro de uma residência.
Os dados mostram, conforme explicou a presidente do ISP, Marcela Ortiz, que a violência têm base no machismo estrutural da sociedade.
— A mulher parece não ter o direito de se manifestar dentro de casa ou de terminar um relacionamento — afirmou a delegada, que destacou a importância de se romper com essa estrutura. — Digo que é como uma escada. A cada degrau que sobe, a violência vai aumentando. São dados sinais, e então é importante interromper o relacionamento abusivo antes de chegarmos ao último degrau da violência.