Elas relatam a ÉPOCA as aflições e o medo ao se ver confinadas com seus agressores, num período de escalada desse tipo de ocorrência criminosa
(Época | 22/05/2020 | Por Natália Portinari)
Professora da rede estadual, Márcia Santos tem dois filhos — um deles é um bebê — e mora na Região Metropolitana do Recife. Em janeiro, viu as agressões verbais costumeiras do marido culminarem em violência física. Ele teve um rompante quando, depois de beber, viu uma troca de mensagens dela com um motorista de van, combinando de buscá-la em casa. Deu tapas, socos, apertou seu pescoço, puxou seu cabelo, a empurrou e quebrou seu celular. Ela conseguiu fugir de casa e ir à delegacia. Era um sábado à noite, e o escrivão se recusou a atendê-la. Márcia teve de voltar para casa junto com o agressor, que a havia seguido. Dias depois, finalmente foi atendida pela polícia. Já sem marcas no corpo, o delegado considerou que não havia provas e não pediu uma medida protetiva. Em suma, ela não conseguiu afastar o marido de casa, numa agonia prolongada pelo “home office” decorrente da pandemia.