Todes precisamos nos apoiar em nossos transfeminismos como uma parte necessária da luta anticolonial. Há dois pontos importantes acerca das contribuições por parte dos feminismos trans, dissidente, agênero e não-binário, especialmente dos transfeminismos negros, em relação a como deveríamos pensar a sua relação com as lutas anticoloniais. O primeiro diz respeito ao confronto de violências e limites experienciados por pessoas dissidentes de gênero. O segundo trata-se de mudar o que foi historicamente imposto a nós pelo sistema racista e patriarcal de opressão.
Algumas das coisas que vou falar não são necessariamente exclusivas às pessoas trans. A verdade é que as pessoas trans, dissidentes de gênero e intersexo as vivenciam com um enfoque específico na violência. Contudo, essas questões não nos são únicas, e por isso estão diretamente situadas no campo dos feminismos. A autonomia corporal e o controle da justiça reprodutiva não estão impactando somente as pessoas trans, também nos impactam a todes em níveis distintos.
Uma luta trans anticolonial é uma luta anticapitalista por autonomia corporal, controle reprodutivo e, em última instância, é uma luta por aquilo que é recriado e reproduzido na sociedade. Essa ideia tem como base a teoria da reprodução social, um conceito desenvolvido pelo marxismo feminista. A ideia por trás da teoria da reprodução social é que a sociedade não se reproduz sem esforço ou de forma aleatória.