“Maduras, realistas e vividas, as balzaquianas – termo não mais pejorativo -, com senso crítico, firmeza e capacidade realizadora, serão o passaporte para o ingresso dos candidatos no coração e na mente do eleitor.” Assim escreve o jornalista, professor da USP e consultor político e de comunicação, Gaudêncio Torquato, no espaço opinativo que ocupa no jornal O Estado de S. Paulo.
Para Torquato, as mulheres decidirão o destino dos candidatos nestas eleições. Em seu artigo, o jornalista tenta explicar as tendências e motivações dos votos das mulheres. A seguir, alguns trechos selecionados:
“Existiria explicação para a preferência das mulheres por um candidato do sexo masculino? A causa mais plausível aponta para o caráter conservador do eleitorado. Por mais que se registrem extraordinários avanços da condição feminina, com a criação de instrumentos efetivos em sua defesa – Secretaria Especial de Políticas para a Mulher, Lei Maria da Penha, delegacias, varas e juizados especiais da mulher -, a mulher ainda é vítima de muita discriminação. O discurso por igualdade de direitos tem sido forte, mas a ação é tênue.
À índole conservadora da sociedade pode ser debitado também o fato de as mulheres terem 30% a mais de horas em educação e 27% a menos de salários em relação aos homens. O conservadorismo se espraia pela esfera política. Em 2008 o Brasil despontava em penúltimo lugar no ranking da participação feminina nos Parlamentos da América do Sul. Por aqui, tem sido difícil preencher a cota de 30% de vagas destinadas às mulheres.”
“Ao lado do conservadorismo, responsável pela distância entre os gêneros no âmbito do trabalho, a mulher agrega atributos particulares, como acuidade no exame das situações, rigor nas escolhas e observação atenta de fatos. E, sobretudo, atenção para os detalhes. Não quer perder o voto. Por isso, tende a deixar a escolha para os momentos finais.”
“Convém relembrar que nenhuma eleição é igual às outras. Personagens (incluindo chefes políticos), estruturas partidárias, discursos e circunstâncias terão sua relativa influência nos conjuntos eleitorais. Ademais, o pleito contará com um diferencial de peso: é a primeira eleição em 20 anos sem Lula como candidato. O fim do ciclo lulista propiciará um olhar atento sobre os atores. Por parte do eleitorado feminino esse olhar será ainda mais seletivo. Donde se extrai a inferência final: as mulheres, principalmente as balzaquianas, darão as boas vindas a Serra ou a Dilma para uma estadia de quatro ou oito anos no Planalto ou um bom tempo de férias na planície.”
Acesse o artigo na íntegra em pdf: O poder das balzaquianas, por Gaudêncio Torquato (O Estado de S. Paulo – 02/05/2010)
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