(El País, 13/04/2016) As Nações Unidas podem ser um ponto de referência nas lutas contra a desigualdade
As Nações Unidas deram um passo importante em 2010 ao criar a ONU Mulheres, um órgão da instituição voltado para a missão urgente de zelar pela igualdade e pelo estímulo ao poder da mulher em um mundo que preserva grandes desigualdades salariais, de direitos e oportunidades. A chilena Michelle Bachelet foi a sua primeira presidenta e impulsionou uma causa que já faz parte, ou deveria fazer, de todas as agendas comprometidas com o nosso tempo.
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Agora, o Conselho de Segurança da ONU tem a oportunidade de dar visibilidade à sua opção por esta causa e transpor seus princípios para os fatos, pelo menos como símbolo de uma nova época. Sob a liderança da Colômbia, 56 países promovem a iniciativa de que seja uma mulher a substituir Ban Ki Moon no final de 2016 à frente da Secretaria-Geral da organização. Caso isso seja obtido, será uma conquista oportuna e necessária.
O fato de uma mulher se tornar secretária-geral não resolveria automaticamente o problema das discriminações existentes no mundo, mas pode se tornar um passo gigantesco em direção a um equilíbrio progressivo. Em um tempo em que Hillary Clinton pode se tornar a primeira presidenta dos Estados Unidos, em que mulheres como Angela Merkel, Dilma Rousseff, a própria Michelle Bachelet e Christine Lagarde dirigem Governos ou instituições muito significativas, é hora de a organização que reúne todos os países do mundo demonstre estar à altura destes tempos.
Depois de oito secretários-gerais em 70 anos de história e em um momento em que a consciência e os símbolos exercem um papel de grande consenso diante dos debates sobre cotas, a ONU tem a oportunidade de indicar o caminho mais desejável. Talvez chegue um tempo em que isso não seja notícia nem motivo de mobilização como esta liderada pela Colômbia. Mas, por enquanto, ainda é.
Acesse no site de origem: Uma mulher à frente da ONU, editorial do jornal El País (El País, 13/04/2016)